quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Não há soluções, há caminhos...!

Phil Collins - Against All Odds
http://www.youtube.com/watch?v=nANmPPmfn_M&feature=related
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Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
Eu voltei!...

Tudo estava igual
Como era antes
Quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei
E voltei!...

Eu voltei!
Agora prá ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei pr'as coisas
Que eu deixei
Eu voltei!...

Fui abrindo a porta devagar
Mas deixei a luz
Entrar primeiro
Todo meu passado iluminei
E entrei!...

Meu retrato ainda na parede
Meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar
Por onde andei?
E eu falei!...

Onde andei!
Não deu para ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei!
Pr'as coisas que eu deixei
Eu voltei!...

Sem saber depois de tanto tempo
Se havia alguém a minha espera
Passos indecisos caminhei
E parei!...

Quando vi que dois braços abertos
Me abraçaram como antigamente
Tanto quis dizer e não falei
E chorei!...

Eu voltei!
Agora prá ficar
Porque aqui!
Aqui é o meu lugar
Eu voltei!
Pr'as coisas que eu deixei
Eu voltei!..
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ILHA

Ilha não é só um pedaço de terra cercado por água por tudo quanto é lado.

Ilha é qualquer coisa que se desprendeu de qualquer continente.

Por exemplo: um garoto tímido abandonado pelos amigos no recreio, é uma ilha.

Um velho que esperou a visita dos netos no Natal e não apareceu ninguém, é uma ilha.

Até um cara assoviando leve, bem humorado, numa rua cheia de trânsito e stress, é uma ilha.

Tudo na gente que não morreu, cercado por tudo o que mataram, é uma ilha.

Toda ilha é verde.

Uma folha caindo é ilha cercada de vento por tudo quanto é lado.

Até a lágrima é ilha, deslizando no oceano da cara.


Oswaldo Montenegro

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O esquecimento não é só uma vis inertioe, como crêem os espíritos superfinos; antes é um poder activo, uma faculdade moderadora, à qual devemos o facto de que tudo quanto nos acontece na vida, tudo quanto absorvemos, se apresenta à nossa consciência durante o estado da «digestão» (que poderia chamar-se absorção física), do mesmo modo que o multíplice processo da assimiliação corporal tão pouco fatiga a consciencia. Fechar de quando em quando as portas e janelas da consciência, permanecer insensível às ruidosas lutas do mundo subterrâneo dos nossos orgãos; fazer silêncio e tábua rasa da nossa consciência, a fim de que aí haja lugar para as funções mais nobres para governar, para rever, para pressentir (porque o nosso organismo é uma verdadeira oligarquia): eis aqui, repito, o ofício desta faculdade activa, desta vigilante guarda encarregada de manter a ordem física, a tranquilidade, a etiqueta. Donde se coligue que nenhuma felicidade, nenhuma serenidade, nenhuma esperança, nenhum gozo presente poderiam existir sem a faculdade do esquecimento.

Friedrich Nietzsche, in "A Genealogia da Moral"
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